quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Catando Cidadania - Um Desafio que Valeu à Pena

Desde Julho faço parte da equipe do programa Catando Cidadania - Reciclando a Vida. Estagio orientando uma turma com cerca de 10 crianças, filhos de catadores de lixo, na faixa etária de 6 a 12 anos, em atividades artísticas de reciclagem. A princípio rejeitei o título de professora, talvez por um certo preconceito quanto a formalidades, ou quem sabe por cursar bacharelado e não licenciatura. Mas minha visão foi mudando, e hoje eu sou a 'prof'e' e gosto disso.
As pessoas mais próximas de mim sabem das dificuldades que tive durante o semestre tentando desenvolver o trabalho proposto com meus alunos. O local estava muito desorganizado, com materiais amontoados perto da parede estragando, sujo... realmente precário e até insalubre e perigoso por causa da umidade, do piso que solta poeira, da instalação elétrica mal planejada.  Apanhei um monte quando eu fazia uma proposta e as crianças estavam mais interessadas em explorar todas aquelas quinquilharias do que fazer as atividades 'tão legais' que eu havia trazido. Além disso, trabalhei um semestre todinho sem material, só no improviso. As famílias das crianças são muito carentes, provavelmente sofram de privação cultural. Tive problemas com a disciplina...
Confesso que já saí de uma aula chorando, que pensei em desistir. Mas, nem sei como, segui em frente com meu compromisso e valeu a pena!
Levava meus próprios materiais pra poder desenvolver algo. Fazia atividades com o que tinha disponível no local (como muito lixo por exemplo...).
Numa tentativa de estabelecer a ordem, quis introduzir Ordem Unida, mas não deu muito certo. Então substituí por brincadeiras lúdicas no final de cada encontro, o que começou a dar resultados. Com os jovens de Camobi, visitei algumas famílias da localidade, cantamos com as crianças, o que foi bem bacana. Passei a orar por eles, então as coisas foram melhorando dia-a-dia. Me tornei Amiga das crianças que eram frequentes. O João, a Natiéli, a Rauani, a Letícia, a Larissa, e espero me aproximar dos demais desse modo também. As respostas às atividades começaram a ser mais prontas. A concentração melhorou muuuito comparada ao início. Ainda tenho uma grande missão lá. Além de fazê-los sentir cidadãos capazes, importantes e responsáveis, mostrar-lhes que também são pessoas muito amadas por Jesus.

Tivemos duas experiências fotográficas que quero compartilhar com vocês. A primeira é de composição: usando do lixo espalhado e dos materiais amontoados sobre uma folha. Bons resultados finais (pelo menos eu acho, mas sou suspeita, alguém confirma?).










E essas últimas são da aula de despedida. Resolvi fazer algo diferente. Peguei minha câmera, montamos a ordem de quem fotografava e saímos com uma regra: Cada um tinha direito a somente um clik por rodada, então teria que pensar antes de fotografar. Foi incrível! Começamos fotografando o que havia no pátio, depois alguns quiseram ir nas casas pedir para fotografar, e no final rolou até uma mini trilha. O objetivo era aprender enquadrar.



Teve uma última confusão. Quando me dei por conta, o lugar que chamavam de olaria e que queriam fotografar, era uma poça barrenta de um riacho nas proximidades. Metade deles estava na água (nossa muito calor, quase que eu também entrei heheh) antes de eu pensar em abrir abrir a boca! Conversei com alguns dos pais, graças a Deus não aconteceu nada de ruim.
Distribuí dôces e meu cartãozinho de Natal e no final saí toda boba com mensagens carinhosas de alguns deles. *-*
Nas férias vou ter que passar duas semanas intensivas acelerando atividades que no semestre não pudemos fazer por falta de recursos materiais (Que tenhamos material pra esses dias!) . Mas sabe de uma coisa?! Acho que vou adorar!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Bienal de Artes de São Paulo

Lembro de 2007 quando visitei pela primeira vez uma grande exposição de Artes. Foi a 7ª Bienal de Artes do Mercosul em Porto Alegre. Fui com a Paola. Vimos tanta coisa naquela viagem.. Também foi minha primeira visita a Porto Alegre mal sabia eu que na próxima edição do evento eu iria como Estudante de Artes! Três Bienais na minha bagagem cultural. Agora não tem mais volta, estou praticamente 'obrigada' a visitar todas as próximas seja em Porto Alegre, seja em São Paulo. Afinal, agora faço parte desse Mundinho à Parte que é o Universo da Arte.
Quando passei pela recepção da 29ª Bienal de Artes de São Paulo eu sabia que veria coisas simplesmente incríveis, coisas que me trariam boas emoções, talvez ruins também, coisas que me fariam pensar, coisas polêmicas, coisas que eu não iria entender, coisas que eu iria achar sem fundamento, coisas que eu jamais iria esquecer... Assim é a Arte Contemporânea: Diversa e Diferente. Pra ser relevante tem que surpreender, os temas são universais, não regionais, a estética tem que arrebatar, o conceito arrancar reflexões, e no final tudo deve discursar e refletir às problemáticas da globalizada sociedade.

Abaixo as fotos e as impressões. Dê um 'pause' para ler e olhar melhor.

Haviam obras que transmitiam as mais diversas sensações. Mas preferi me concentrar na ludicidade, na estética... No que me fazia sentir bem.
A 29ª Bienal de São Paulo teve sua abertura dia 21 de setembro e encerrou em 12 de dezembro.

Foi legal passar por lá. Claro que gostaria de ter mais tempo, de me informar sobre todos os artista e os conceitos de suas propostas. Mas a visita rápida já foi um Banho de Arte!

Veja mais cliks... mais impressões da viagem:



Foi Incrível! Sei que terá grande influência no seguimento de meu trabalho.

domingo, 19 de dezembro de 2010

O Real Sentido do Natal

Texto extraído do blog Olhar de Menina. Acesse.

 Mais um natal se aproxima, é possível ver que todos estão se preparando para essa data memorável. Músicas natalinas, casas enfeitadas e muitas luzes tornam-se a parte dessa comemoração. Muitas pessoas, porém, não reconhecem o real sentido desse dia, fazendo do natal uma data para trocas de presentes, tornando-o um apenas um costume.
 Para mim o natal sempre foi motivo de grande alegria, não só o dia 25 mas também os que antecedem essa data, pois tudo é perfeito. Unimo-nos para que não só a nossa ceia, mas também a de outras famílias, possa ser feliz. Trabalhamos para proporcionar alimentos na mesa daqueles que não possuem, e partilhamos a maior história de amor já ocorrida.
 Em nossa casa está a família reúne-se para comemorar o aniversário de Cristo, uma paz invade o ambiente, relembramos bons momentos olhando fotografias, como é bom tudo isso. No clima natalino, lemos Isaias 9:6 e agradecemos a Deus por ter enviado seu filho a terra, por deixar um lugar onde o amor reina e onde não existe sofrimento para nascer como um bebê e assim salvar a todos.
 Um natal sem a presença de Jesus não é o mesmo, é vazio e sem alegria. Relembrar o fato que deu o direito à vida eterna é essencial, pois Deus amou a cada um de nós, e quer que estejamos com Ele em seu reino. Jesus nasceu para morrer por mim e por você, fez-Se criança, deu o mais belo sorriso e ofereceu o Seu amor a quem quer que fosse, Ele fez o primeiro natal, e mudou rumo de toda a humanidade!

Emilia Gularte

Nota: Esse Natal vai ser num Sábado o que torna a data ainda mais especial.
Me veio a lembrança de uma noite de Natal em 2005 em que ficamos todos olhando com expectativa para Órion, por onde Jesus Voltará... Que saudades do meu Senhor!

Visita à Pinacoteca de São Paulo

 Outra das nossas visitas culturais em São Paulo foi a Pinacoteca do estado de São Paulo. Haviam várias exposições que me causaram impressões diversas que vou relatar nesse post.
A sede da Pinacoteca fica no Parque da Luz, um lugar que creio que seria muito legal explorar com tempo. O que eu vi por lá já foi suficiente pra me fazer gostar muito de lá. Fica perto da bela Estação da Luz.


 O acervo da Pinacoteca me fez arrepiar. Gostei das esculturas em bronze logo na entrada. Pena que não pude fotografar todas as plaquinhas com os dados como nome na obra e do autor.


Escultura transparente, acrílico e ferro incorporada a arquitetura do local:

Instalação "Teoria" de Ignacio Aballi de Barcelona - Espanha. Essas cúpulas de vidro traziam informações sobre as cores que ali estavam em forma de pigmento ou pó (no caso do cinza). É simplesmente fascinante ficar ali olhando as vivas cores e sentindo emoções guardadas que afloram nesse contato visual com a intensidade do pigmento. As informações sobre a origem, os nomes, os significados apenas complementavam a experiência tão intima entre o olhar e a cor. Adorei!

 O Acervo traz grandes nomes. Estar frente a frente com aquelas obras é algo muito legal. É uma aula de pintura sem palavras. Cada um tem seu estilo, as pinceladas são uma expressão pessoal, a caligrafia de cada artista. Geralmente, as obras mais "realistas" não são as que tem cores emplastadinhas planificafas... Os claros saltam em volume, em massa. Vontade de tocar!!!

Esse quadro chama-se "Saudade" de Almeida Junior. Me impressionou. Grandiosa. De longe parece uma foto. De perto toda a expressividade da pincelada que eu comentei:


 Bananas e Metal: Pintura muito boa. Aplica-se massa (sim, massa com um consistente relevo!) branca nos reflexos.

 Pintura chama atenção pelo apelo social além do aspecto visual e técnico muito bem trabalhado.

 Me encontrei com meus conhecidos Bixos. Mas eles estavam numa redoma de vidro. Fiz o registro fotográfico, fiquei observando cada ângulo mas me frustrei por não poder interagir. Também na Pinacoteca visitei a exposição Desenhar no Espaço que tinha mais Bixos de Lygia Clark (Veja o artigo que escrevi sobre Lygia e os Bichos.), lá não tinha vidro em volta, mas a famosa frase da artista: "Entre você e ele [o Bixo] se estabelece uma integração total, existencial. Na relação que se estabelece entre você e o "Bixo" não há passividade, nem sua nem dele.". Mas quem disse que eu pude saber o que isso significa? Mas tudo bem! vamos entender os conservadores né!? Quem sabe uma réplica manuseável não seria uma boa...

Deparamo-nos com uma senhora obra do gaúcho Pedro Weingartne. Um tríptico maravilhoso. Ele foi o maior dos acadêmicos gaúchos, se não do Brasil. Tudo estudado e detalhado. Deve ter levado muuuito tempo fazendo uma dessas! Essa minha foto não dá mesmo noção do que é o trabalho dele.
Aliás, ver fotos de obras de arte pode te manter informado, pode te fazer gostar um pouco desse ou daquele artista... mas ver ao vivo é indescritível, te faz apaixonar.

Também vi a "exposição retrospectiva da fotógrafa Graciela Iturbide (México, 1942), com cerca de 80 imagens realizadas entre os anos 1960 até os dias de hoje em diversos países como México, Estados Unidos, Espanha, Índia e Itália. São imagens que retratam a fragilidade das tradições ancestrais e sua difícil subsistência; a interação entre natureza e cultura; a importância do rito no gesto cotidiano e a dimensão simbólica de paisagens e objetos encontrados a esmo ocupam um lugar central em sua trajetória. Autora de uma obra ampla, intensa e singular, Iturbide figura entre os grandes nomes da fotografia artística de inspiração social e cultural." (Parte do texto oficial da Pinacoteca). 


(Imagens da Internet.)


Desenhar no Espaço traz obras de artistas abstratos do Brasil e da Venezuela. Indicadíssimo pra quem puder (vai até 30 de Janeiro). Curti bastante o trabalho da artista Gego. Senti a verdadeira força em se apreciar frente a frente trabalhos antes vistos em fotos como as pinturas de Lygia e de Oiticica. Acho difícil meu trabalhos pender pro lado da abstração, mas aprendi a gostar disso. Cores, formas, composições... Tão independentes que não querem ficar presas a moldura. Projetam-se ao espaço, ganham o espaço, acontecem no espaço, misturando conceitos de pintura, desenho, escultura... Depois, quando fui ao MAM relacionei algo dessa exposição com a de Raymundo Colares. Desenhar no espaço não podia ser fotografada.

Um Pouco de Pimentas

Gosto do jeito Pimentas de falar da vida. Tem canções que falam exatamente o que cabe no meu silêncio. Não vou postar. Não porque mudei de idéia, mas porque mudei de atitude.
Hoje trago uma música que me faz pensar que Deus está no controle mesmo enquanto noite. Outra sobre os Anjos em nossa vida que "não tem asas e não sabem voar, mas em seu coração trazem o dom de Amar". E "Flor" porque "o Amor é uma semente de uma Flor...". É música de gente melosa SIM!!! Mas eu me assumo... rs".
Noite:
Anjos:
 Flor:

Bjinhos aos leitores queridos! Um Muito Obrigada a quem vem aqui ver o que essa garota escreve, gosta, faz,  defende...  

sábado, 18 de dezembro de 2010

Visita ao MAM - Museu de Arte Moderna

O Parque do Ibirapuera (São Paulo-SP) é muito legal! O projeto arquitetônico é de Oscar Niemeyer e paisagístico de Burle Max. Só isso é motivo suficiente pra não deixar de visitar se passar por São Paulo, porque os caras são fera! Adorei o lago, a natureza no local transmite tranquilidade, como um oásis em todo o movimento frenético da cidade . Me chamou atenção, além das curvas é claro, o grande espaço coberto onde as pessoas passam enquanto os skatistas fazem suas manobras lá pertinho do  MAM - Museu de Arte Moderna - destino do nosso post =]

Dengo:
No MAM, conheci o trabalho de Ernesto Neto, sua instalação "Dengo" fica exposta lá até amanhã (ainda dá tempo se estiver em São Paulo). Amei entrar naquele ambiente carregado de ludicidade. Uma grande trama colorida envolve os visitantes num universo que parece ter saído do imaginário de uma criança. Dessa trama suspendem-se sacos cheios de bolinhas macias, latas de bebidas, cheirosos saquitéis de chá, e desejáveis doces. Tambores, e um piano de meia cauda que podem ser tocados. Convites a brincadeira, e ao descanso como a cama de bolinhas e os balanços suspensos. Tudo em Dengo mexe com desejos. Foi um Dengo estar lá.




















Raymundo Colares
Concretismo! Foi a primeira palavra que me veio à mente quando entre na Sala Paulo Figueiredo para apreciar a exposição de retrospectiva de Raymundo Colares, mesmo sem saber de quem se tratava. Percebi que era da turma do Oiticica.
 No site do MAM encontrei essa citação:
"A combinação do ideário da cultura de massa com o rigor geométrico se dá de maneira orgânica na obra de Colares. Mesmo em seus trabalhos puramente abstratos, a imagem impressa é urgente e icônica, extrapolando o neoconcretismo para buscar a captação do movimento e da velocidade que os meios de transporte e comunicação já vinham então imprimindo ao cotidiano."
 Aproveito pra falar sobre Abstracionismo. As obras abstratas tem força em si, no poder das cores e formas sem ter que significar algo específico. Se quer uma dica de como apreciar uma obra abstrata, lá vai: Olhe, fique olhando, não tente entender, deixe sua imaginação solta, se significar algo pra você tudo bem mas se não perceber nenhum discurso, curta o que você está vendo esteticamente!
Exercite isso vendo essas fotos:

Gosto desse jogo de perspectiva que sugere volume.



Colares não apenas sugere, ele traz as formas ao espaço. Isto é pintura ou escultura? Tanto faz, mesmo nas pinturas planas as formas pedem o espaço. 


Prova de que as cores e as formas bastam.


Havia um texto. Eu não o li, mas observei a formatação colorida e as palavras em destaque, logo, mesmo sem lê-lo o apreciei. (Fotos sempre sem flash em exposições... eu tremo mesmo!)

Abraços!


Digitais e Reflexos da Imagem de Deus

Texto extraído do blog: www.heroidoamor.blogspot.com. Visite e siga :)


A medida que a Ciência avança vai encontrando, mesmo se dar conta, mais digitais do Criador, evidências que parecem estar ali para lembrarmos de onde viemos... e despertar saudades.
O próprio ambiente do Planeta possui características  e químicas que parecem mesmo terem sido planejadas para que a vida em suas variadas formas fosse possível. A forma com que os seres são interdependentes entre si reflete ainda a Suprema Lei do Amor.

As microscópicas células, o gigante sol, a perfeição da adaptação  no corpo de uma gestante, a pétala de cada flor... Tudo evidencia que há um Criador, um Desenhista, um Arquiteto, um Engenheiro Inteligente. Toda  planta, todo pássaro, as estrelas e a vida em si cantam do Amor do Criador.
O Amor que sentimos uns pelos outros não pode ter uma origem no nada. A vontade de viver para sempre e de um lugar melhor, impressa em nossa mente e transmitida a cada descendente humano também não. O desejo e a necessidade de adoração e relacionamento com alguém muito maior nós também não! absolutamente não! Nascemos com um buraco enorme no coração- uma grande saudade- que continuará lá encomodando se tentarmos preencher com qualquer outra coisa além de nosso relacionamento com Deus. Não se engane, é assim que fomos criados.
Já reparou como parte da lei do Amor parece ainda vigorar na maioria das sociedades evitando que o caos impere? Já notou que somos seres criativos para motivos que jamais seriam apenas para seleção natural? A capacidade de criação de gênios como Beethoven e Michelângelo por exemplo. Que reflexos ainda prevalecem insistentes da imagem de Deus no homem!

A necessidade de arte e música, beleza estética e fruição são uma forma de saudade... De uma sociedade perfeita, de um Reino distante mas real: O Reino do Amor!

Supremo Amor

Esse Reino [ O Lar PerfeitoO Reino do Amor] é assim porque Deus - o próprio Eterno e Supremo Amor - foi quem o criou. Entender esse amor, porém, está alem de nossa limitada mente humana... será tema de estudo por toda a eternidade e nunca serádissecado!
Antes de tudo o que existe existir, o Amor já estava lá a um tempo infinitamente grande. Estava lá em três pessoas (porque ninguém pode amar sozinho), O Pai de Amor, o Filho Amor, o Santo Espírito de Amor. O triuno, perfeito, pleno, santo e sublime AMOR! Um trio em pessoas distintas tão intimamente ligado que não são três, mas um Deus, um Amor!
É tão poderoso que ao abrir a boca cria mundos: Que coisa incrível o exército dos céus saindo da boca de Deus! Estrelas, sóis, planetas, galáxias inteiras... O Amor está em todos os lugares, pode tudo, e sabe até quantos fios de cabelo há em minha cabeça!
Que uma descrição de Deus? Eis aqui um dos trechos mais belos da Bíblia I Cor 13:

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."

Nota: Este é um dos capítulos de Herói do Amor. Não perca essa Impressionante História. Acesse www.heroidoamor.blogspot.com e confira.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Os Bichos de Lygia Clark: A linha para a Participação na Arte

Por Pâmela Gularte
Introdução:
Este texto apresenta aspectos da obra de Lygia Clark, em especial da série “Bichos”, esculturas metálicas articuláveis que propõe a participação do observador, fazendo de sua autora, uma das pioneiras da arte participativa internacionalmente. Pretendemos investigar o trabalho da artista, situando as obras em seu processo de criação e no contexto contemporâneo.
A pesquisa desenvolve-se inicialmente através do levantamento de dados biográficos, textos críticos, e imagens das obras de Lygia, em seguida analisamos a trajetória da artista para tratar de processo, nos detendo na série bichos para identificarmos os traços do neoconcretismo e o surgimento da participação e interatividade na arte contemporânea.
Os Bichos, dentro das artes visuais, são o que podemos chamar de “a obra prima” de Lygia Clark. Pois é esta série que a consagra a melhor escultora brasileira em 1961. Unindo neles as heranças concretas da geometria e construtivismo, e movimentos orgânicos através das dobradiças, Clark pretende dar vida às suas obras sempre seguindo as sugestões e possibilidades encontradas no diálogo com a linha orgânica por ela descoberta.
 Lygia Clark
Nasceu em 1920 em Belo Horizonte – MG. Foi para o Rio de Janeiro em 1947, e começou a ser orientada em seus estudos artísticos por burle Marx e Zélia Salgado. Em 1950 em Paris onde estuda com Fernando Léger, Arpad Szenes e Isaac Dobrinsk. Nesse período dedica-se a estudos e pinturas a óleo de escadarias e desenhos de seus filhos. Sua primeira exposição individual acontece no Institut Endoplastique, em Paris, em 1952, ano em que retorna ao Brasil e expõe no Ministério da Educação e Cultura – MEC. Em 1954 Clark participa da Bienal de Veneza com a série composições.
Lygia é uma das fundadoras do Grupo Frente no Rio de Janeiro, liderado por Ivan Serpa em, em rejeição à pintura modernista Brasileira de caráter figurativo e nacionalista. O grupo mantinha-se informado nas discussões sobre a abstração concreta, mas havia maior liberdade em relação as teorias de Max Bill. A linguagem geométrica é tida como um campo aberto a experiência e indagação. Nesse contexto é que surgem as “Superfícies Moduladas (1955-57)” e “Planos em Superfície Modulada (1957-58)” de Lygia Clark. Séries que em que ela deslocava a pintura da tela para o espaço ao fazer da moldura - espaço neutro entre a obra e o ambiente – parte da obra, ganhando a mesma cor da tela, sendo uma continuidade da mesma com a projeção das figuras geométricas.
Em 1956 acontece a Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta, organizada pelos concretos de São Paulo com participação do grupo carioca onde inicia-se a cisão do movimento concreto, que se dá oficialmente em 1959. Clark integra a Primeira Exposição de Arte Neoconcreta, assinando o Manifesto Neoconcreto juntamente com Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis.
Nas “Unidades”, Lygia vivencia muito bem o plano, dialogando com Mondriam, sem que o imitasse em aparência, mas dando um passo adiante na verticalidade e temporalização da do espaço pictórico. Assim, o espaço vai se construindo como um novo suporte para sua arte. Os “Casulos (1959)” são feitos em metal. O Plano é dobrado exigindo a tridimensionalidade, mesmo que ainda fiquem lá, pendurados na parede.
Até que dos Casulos surgem os “Bichos”: Esculturas feitas de alumínio, possuindo formas geométricas articuláveis por suas dobradiças. Lygia Clark torna-se uma das pioneiras na arte participativa ao convidar o observador a “brincar” com os bichos, manipulando-os, dialogando e descobrindo possibilidades de formas para essas estruturas. Com eles, os “Bichos”, é que Clark é consagrada melhor escultora nacional na VI Bienal de São Paulo em 1961.
Da madeira dura ao metal à borracha na “Obra Mole (1964)”. Lygia começa a preocupar-se com o corpo. Em caminhando, era no cortar da fita que se dava a obra. As sensações começam a ser valorizadas nos seus “Objetos Sensoriais (1966-68)” através das texturas de objetos do cotidiano como conchas, água, borracha, sementes... Na instalação “A casa é o corpo (1968)” as pessoas passavam por ambientes chamados: penetração, ovulação, ovulação e expulsão.
Volta a residir em Paris entre 1970 e 1976, quando é convidada a lecionar em um curso sobre comunicação gestual na faculte d’Plastiques St Charles, na Sorbonne. Em suas aulas as experiências do grupo se apoiavam na manipulação dos sentidos, pois nesse período, afasta-se da reprodução de objetos estéticos e volta-se a experiências corporais em que os materiais estabelecem relação entre os participantes. É assim que surgem as proposições “Rede de Elástico”, “Baba Antropofágica” e “Relaxação”.
Voltando para o Brasil, passa a uma produção com fins terapêuticos. Faz uma abordagem individualizadas com os “Objetos Relacionais”, trabalhando as memórias, medos e fragilidades de seus pacientes pelo sensorial.
Em 1981 começa diminuir o ritmo de suas atividades. O “Livro-Obra”, que relata a trajetória da artista até o final de sua fase neoconcreta, através de estruturas manipuláveis e textos por ela escritos, é publicado em edição de apenas 24 exemplares.
O IX Salão de Artes Plásticas em 1986 no Passo Imperial do Rio de Janeiro, tem uma sala especial dedicada a Lygia Clark e Helio Oiticica. Lygia falece em abril de 1988. 
 A linha orgânica
O que faz uma artista sair das pinturas a óleo e desenhos à proposições terapêuticas da arte?
Ao compararmos as obras e proposições clarkianas, em primeira vista, talvez não encontremos relação entre elas. Mas logo que mergulhamos um pouco abaixo do que é superficial e passamos a fazer uma adequada leitura e apreciação de seu trabalho, podemos perceber claramente uma coerência em seu processo de criação, a qual Lygia compara a uma “linha puxada”.  Ela afirma: “O trabalho tem uma linha, embora você olhando ache que não tem nada a ver uma coisa com a outra, quer dizer, formalmente, não tem nada realmente, mas no sentido de conceito é inquebrável.”.
Risonete A. P. de Andrade (1961) observa que essa linha não existe apenas metaforicamente, pois Clark a descobre ao observar uma linha de contato entre dois tons contrastantes, constatando que é absorvida, enquanto que ao unir duas cores iguais, aparece. Para Lygia Clark, a linha “existia em si, não era uma linha desenhada, gráfica, e possuía possibilidades intrínsecas a elas mesma”. A artista chamou-a “linha orgânica” e confessa que somente a partir dessa descoberta, não houve influência de mais ninguém em seu trabalho. Nas palavras de Andrade:
A linha orgânica, ao longo da trajetória da artista, assume formas variadas e aspectos diversos: do elemento plástico definidor da composição vira linha-luz, que se transmuda em linha-espaço e linha-tempo, migra em direção à “dobra”, para em seguida, em foram de dobradiça, converter-se em “espinha dorsal”, depois, pelo corte, em “trajeto” que dará origem a outras metáforas. O percurso artístico de Lygia Clark é o percurso da linha orgânica e vice-versa.  
 
De fato, a linha está presente unindo o ambiente e a pintura em quebra da moldura, depois, entre o relevo dos módulos de madeira como o espaço penetrando a própria obra. Ela (a linha) é que pede/permite o dobramento do plano, fazendo com que a obra, em “casulos”, tanto tenha um espaço interno, quanto exija, com a tridimensionalidade, certa ocupação do espaço do ambiente. Quando de repente, a linha orgânica das dobras dos casulos transforma-se em espinha dorsal nos bichos.

Os bichos
Usando placas de metal unidas com dobradiças, dobrando-as, fazendo com que de formas planas surja o volume... Assim Lygia faz os bichos, que embora compostos por formas geométricas trazem em si uma carga maior de organicidade do que de construtivismo. Pois são seres constituídos de várias possibilidades de movimentos, estruturadas através da linha orgânica, que aparece como colunas vertebradas.
Como escultura, os bichos já são interessantes e diferentes por terem mais haver com espacialidade do que massas e volumes, o tradicional da época.
Assemelha-se às superfícies moduladas, justamente por ser feito em módulos. A lógica e a matemática do construtivismo continua presente, porém de forma mais intuitiva que calculada a despeito do concretismo. Mesmo assim, a artista costumava dizer que os bichos vem dos casulos que caem da parede ao chão, segundo Mário Pedrosa. Lygia conserva no processo o metal, as dobras... Incorporando, é claros, as dobradiças, trazendo uma novidade importantíssima:a participação do expectador na obra de arte.
Clark firma então um compromisso com a arte e a vida, fazendo-as aproximarem-se. Afirma que seus “bichos” têm vida própria.
Um bicho não é apenas para ser contemplado e mesmo tocado. Requer relacionamento. Ele tem respostas próprias, e muito bem definidas para cada estímulo que vier a receber.
Lygia afirma em texto escrito durante a fase em que criava os bichos que quando alguém lhe perguntava sobre quantos movimentos um Bicho poderia realizar ela respondia: “Não sei nada disso, você não sabe nada disso, mas ele sabe...”.
Foram criados para serem, não manipulados, mas interativos com o observador/fruidor.  A obra só se completa quando as pessoas interagem com ela.
O observador não é apenas observador, ele dialoga, recria... Esse corpo-a-corpo era o que interessava a priori para a artista. Os bichos foram feitos para serem reproduzidos em série, vendidos a muitos e em toda parte. Protesto contra a arte elitista. No entanto para Lygia, a arte deveria pertencer a todos, estar em todo lugar em que se a desejasse. Quem “brincasse” com um bicho, era de certa forma também um artista.
Essas obras de Lygia Clark inspiram imaginação, como quando procuramos ver desenhos nas nuvens, pois seu geometrismo não é, de forma alguma, frio. Entretanto, suas linhas dinâmicas suas posições variadas remetem ludicamente ao observador/interator a fazer associações formais com seres vivos em suas múltiplas configurações. A própria Lygia coloca nome em alguns com base no que representam em certo momento: caranguejo, invertebrado...
Arte, participação e interação
Ao observarmos as características recorrentes nas artes a partir da pós-modernidade, podemos perceber a importância que a participação do espectador passar a ter para a realização das obras.
Segundo Sandra Montardo, esse aspecto da arte contemporânea já se preconizava no modernismo quando os artistas passam a se preocupar com o diálogo entre apreciador e obra de arte. Para ela, isso já é interatividade, e o que muda na contemporaneidade são as formas de com que esse caráter é apresentado.
Enquanto que para Júlio Plaza, as obras estão divididas em graus de recepção e abertura, sendo que no primeiro grau estão aquelas que tem várias possibilidades de interpretação; no segundo (onde inclui os bichos de Lygia Clark), arte de participação, manipulação, e interação física com a obra; e somente no terceiro grau as interativas que se dão preferencialmente na relação homem-máquina, como uma efetiva comunicação com a obra através da tecnologia que responde diferentemente a cada pessoa. Seria então inadequado chamar os bichos de Clark de arte interativa.
A proposta de Lygia, porém, é que haja comunicação além do diálogo visual e/ou da re-criação. Os bichos existem por si mesmos, tem vida própria, segundo ela, ficam aguardando alguém com quem conversar. Conversar dizemos, porque os estímulos que o apreciador/interator dispensa a eles são como perguntas que logo recebem respostas e em seguida são replicadas com a reação do apreciador. É nesse momento que realmente são bichos, que se vêem além da construção espacial-geométrica, os movimentos orgânico-biológicos. Há por tanto as duas coisas: a interação física e a comunicação.
Segundo a reflexão de Simone Osthoff, o desenvolvimento de novas tecnologias e o crescente número de artista que trabalham com comunicação digital tem trazido à tona a discussão sobre o papel interatividade nas mídias digitais. Interatividade e participação na arte, no entanto, não seriam apenas resultado da presença da acessibilidade dos computadores, mas parte de um desenvolvimento natural da arte contemporânea no qual Lygia Clark teve grande influência nacional e internacionalmente como pioneira falando em  participação e interação.
Os bichos hoje
Atualmente, trabalhos artístico-digitais que propõe a participação nos fazem voltar o olhar às obras de Lygia. O website www.espacoperceptivo.net que enfoca a algumas partes da trajetória da artista através da interação do navegador. E também os “Bichos Impossíveis” de Alexandre Rangel, esculturas digitais manipuláveis através de um controle remoto de vídeo-game (demonstração em vídeo no site www.quasecinema.org)
Apesar de inspirarem a interatividades nas novas mídias bem como na produção plástica, os bichos se encontram cada vez mais fetichizados, retrocedem ao pedestal segundo Maria Alice Milliet, vendidos os originais por muito dinheiro, e, “empalhados” como diz Fernando Paiva ao comentar sobre exposição no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, onde não se podia sequer chegar muito perto do bicho que foi feito para a interação.
Conclusão:
A trajetória artistica de Lygia Clark traz-nos uma ampla idéia de como se dá o processo de criação de um artista contemporâneo e de como vai amadurecendo seu trabalho. Percebemos a importância da linha orgânica nas investigações e pesquisas plásticas desta artista.  Há um momento em que Lygia chega ao auge de sua arte e passa a “confundi-la” com a vida, rompendo uma tênue linha, o que a faz declarar-se “não-artista”, mas terapeuta. Consideramos os bichos como as obras que melhor representam esse “auge” antes da transição.
Os bichos são atualmente as obras mais conhecidas, caras e desejadas da artista, pela beleza como escultura espacial, mas, sobretudo pela importância desses dentro da obra de Clark, que traz novas de participação e interatividade que serão nos anos que se seguem uma das características em voga na arte contemporânea, foco de reflexões e discussões.
Enquanto suscita cada vez mais obras interativas, inclusive eletrônicas e digitais, através de sua importância histórica, a série de Lygia já não tem mais a mesma função de interatividade. Sendo, contudo cada vez mais importante na história da arte contemporânea.

Referencias bibliográficas:
Impressos:
ANDRADE, Risonete A.P., Lygia Clark: A Obra é o seu Ato: dos casulos ao caminhando. 2003. Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2003.
PEDROSA, Mário. Significação de Lygia Clark. In LYGIA Clark. Rio de Janeiro: Funarte, 1980. P. 14-17.
MILLET, Maria Alice. Lygia Clark: obra-trajeto. São Paulo: Edusp, 1992.
 PLAZA, Julio. Arte e Interatividade: autor-obra-recepção. Revista de Pós-graduação, CPG, Instituto de Artes, Unicamp, 2000.
MONTARDO, Sandra. P. . Interatividade como acesso á obra de arte na época da imagen do mundo. 2002. (Apresentação de Trabalho/Seminário).
Mídias eletrônicas:
ASSOCIAÇÃO CULTURAL – O MUNDO DE LYGIA CLARK. Biografia disponível em: <http://www.lygiaclark.org.br/biografiaPT.asp/>   
CLARK, Lygia. "Bichos", disponível em: <http://www.lygiaclark.org.br/arquivo_detPT.asp?idarquivo=15/>
 OSTHOFF, Simone. Lygia Clark and Hélio Oiticica: a legacy of interactivity and participation for a telematic future. Leonardo, v. 30, n. 4, 1997. Disponível em: http://mitpress2.mit.edu/e-journals/Leonardo/isast/spec.projects/osthoff/osthoff.html.
PAIVA, Fernado. O bicho empalhado de Lygia Clark. Revista Paradoxo, 2005. Disponível em: <http://www.revistaparadoxo.com/materia.php?ido=1947/


Nota:
1 Escrevi este artigo sem ter visto as obras de Lygia Clark pessoalmente. Na Pinacoteca de São Paulo pude ver algumas de suas obras. Me impressionam. Decepção porém não poder interagir com os bichos que estavam bem ali, na minha frente, depois de tanto ler, pensar escrever e ver fotos sobre eles. Confesso que não faz sentido ler a frase sobre interação ao lado dos bichos ali "empalhados". Escrevo mais sobre num próximo post.
2 Em 2012 no Itaú Cultural (São Paulo), tive o privilégio de brincar com réplicas dos Bichos da Lygia e participar de várias outras obras como a instalação "A casa é o corpo". Foi incrível! Realmente a participação dá uma nova compreensão desse tipo de arte.

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